Ser Estudante: ontem e hoje
 

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Ser Estudante: ontem e hoje

11 / Agosto / 2022

Professor Mauri Luiz Heerdt – Reitor da UniSul

O tema é complexo e dinâmico. E para compreender essa transformação proposta no título, utilizamos de uma analogia temporal, cujo conteúdo é mais vivência e testemunho do que apresentação acadêmica.

Antes a gente assistia a aula do professor, que dominava o conteúdo e o comportamento dos alunos e procurava dividir o máximo possível aquilo que explanava. Hoje importa mais conectar os diferentes saberes e mobilizar isso para um projeto, protótipo, experiência, ação, engajamento.

Antes importava mais O QUE ensinar PARA o aluno, hoje é mais PARA QUE aprender e o professor ensina COM o aluno. O aluno é um protagonista da aprendizagem e da sua história.

Antes, em termos de linguagem, importava dizer “vou assistir aula” e o professor utilizava unicamente a aula expositiva como método. Hoje é comum dizer “vamos desenvolver um projeto”, ou fazer uma pesquisa aplicada/extensão, ou aula “mão na massa”. E as estratégias didáticas se multiplicam para melhor engajar o estudante.

Antes a gente perguntava o mínimo possível e, geralmente, havia o momento exato para isso após a explanação do professor. Hoje o questionamento é algo natural do processo de aprendizagem e o estudante é co-criador da aula porque o conteúdo está com o professor e com o estudante (ou ao alcance dele instantaneamente).

Antes era grande novidade um professor utilizar alguma tecnologia para auxiliar na apresentação do conteúdo ou dinamizar a aula, retroprojetor por exemplo. Hoje a tecnologia é da natureza da aula e há uma diversidade de meios à disposição para proporcionar uma experiência rica e diversa aos alunos.

Antes importava mais a sala de aula entre as quatro paredes. Hoje o mundo passa a ser a sala de aula, formada pelas realidades físicas e digitais.

Antes importava mais a prova como instrumento único e absoluto de avaliação. Hoje é mais relevante a produção acadêmica, a intervenção na realidade ou o desenvolvimento de um produto como parâmetro para a formação de competências.

Antes importava mais a verticalidade e a distância do professor na relação com o aluno. Hoje temos muito mais horizontalidade nos relacionamentos e um ambiente em que, mais do que dominar tudo e apresentar/defender o seu modelo, o professor constrói soluções coletivamente com os alunos!

Antes o currículo era aquilo que o projeto pedagógico definia e o que o professor ensinava. Hoje o currículo incorpora as experiências de vida, adquiridas no ambiente escolar e fora dele.

Antes se estudava aquilo que estava nos livros ou manuais. Hoje a vida concreta das pessoas e da sociedade torna-se o objeto de estudo principal para que não sejamos indiferentes à realidade das nossas comunidades e sociedade. Enfim, a vida de estudante é uma vida de aprendizado constante. Se antes importava terminar um curso e havia o tempo de estudar, o de trabalhar e o da aposentadoria, hoje importa não parar mais de estudar e formação, trabalho e vida são indissociáveis para toda a vida. Todos somos eternos estudantes!