O texto e o discurso – XI Simpósio Nacional e II Simpósio  Internacional sobre Formação de Professores Educação em Contextos Locais e Globais: Proposições e Desafios para a Próxima Década
 

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O texto e o discurso – XI Simpósio Nacional e II Simpósio  Internacional sobre Formação de Professores Educação em Contextos Locais e Globais: Proposições e Desafios para a Próxima Década

3 / Maio / 2024

PPGCL/UNISUL

19/04/2024

 

O PPGCL promoveu na noite desta sexta (19) no auditório da Dib Mussi em Florianópolis uma mesa dedicada ao eixo “Texto e Discurso”. Evento, que fez parte do XI SIMFOP “Educação em contextos locais e globais: proposições e desafios para a próxima década” e foi veiculado pela internet, contou com a participação das professoras Mariza Vieira e Solange Gallo e foi mediada pela professora Nadia Neckel.

Docentes, estudantes e pesquisadores de educação e linguagem tiveram a oportunidade de participar de evento especialmente voltada a questões textuais-discursivas. Com os títulos “O resto… os espaços em branco entre as palavras: lugar de trabalho de processos discursivos” e “Textos automáticos… os textos sem resto! Para qual futuro educamos?”, Mariza Vieira e Solange Gallo se propuseram a pensar o processo de textualização na educação básica na contemporaneidade, trazendo à discussão tanto políticas públicas e documentos norteadores em sua historicidade, quanto às tecnologias educacionais presentes no cotidiano dos estudantes.

Mariza mobilizou a poesia e a literatura como lugares de aprendizagem pelo poético, pelos dizeres e sentidos que apontam para as margens, as franjas, a deriva dos sentidos em polissemia, no jogo constitutivo: continuidade-descontinuidade-silêncio-linguagem.  Para ela, trata-se de jogos de linguagem que, pelos vestígios de memória, buscam espaços entre uma palavra e outra. “Algo que deixa um pouco de tudo, um resto.

Citando do livro “O avesso da pele”, “pensar é o que restava!”, a pesquisadora provocou a pensar que o poético é resistência. Por essa razão, para estados fascistas, ler e escrever podem ser vistos como perigosos, de modo que,  muitas vezes, o livro precisa ser censurado, queimado, jogado fora…

Escola, escrita e sociedade são indissociáveis, segundo Mariza. Por isso mesmo, o pedagógico é social e político. “Espaço-Tempo escolar tem um processo a se compreender no enlace do político e do simbólico. Sob o falso pressuposto teórico o que se assiste comumente são tecnologias de ensino simplistas que se voltam à imersão rápida ao mercado e solapam as lutas contra a opressão”, argumenta.

A palestrante ainda abordou um histórico das políticas educacionais brasileiras desde a LDB 5692/71 até os dias atuais, passando pelas reformas do Ensino Médio, demonstrando como o neoliberalismo desestrutura, fratura as identidades coletivas abrindo aí um perigoso caminho para a intolerância.

Solange Gallo, por sua vez, iniciou a conversa pelos mecanismos internacionais que estão por trás do chamado letramento digital, demonstrando os quase 50 anos de investimento do neoliberalismo nas escolas.

Sua apresentação move-se por um instigante pergunta: “Será que os textos automáticos têm algum resto?”. A fim de delinear algumas possíveis respostas, a pesquisadora trouxe noções discursivas que nos ajudam a pensar esses processos de textualização do/no digital. Tais como formações imaginárias e posição-sujeito.

Ao problematizar “quais são as posições sociais na interação homem-máquina”, citou a noção de “avatar” de Vitor Pequeno. É o avatar que produziria o efeito de ser o sujeito que está na rede pela sobredeterminação das práticas técnicas.

Em seguida, Solange foi discorrendo sobre os efeitos de interação nos quais descola cada vez mais a posição sujeito aluno para a posição-sujeito usuário: um lugar de posicionamento crítico possível, o lugar de leitor destes processos.

“Não se trata se sermos consumidos pelas tecnologias, mas sim, de atravessá-las”, pondera. “Nesse sentido o trabalho de leitura na escola é primordial, a leitura como escritura, a leitura como autoria”, complementa.

Mariza Vieira da Silva possui pós-doutorado em História das Ideias Linguísticas pela “École Normale Supérieur de Lettres et Sciences Humaines” de Lyon. É professora aposentada da Universidade Católica de Brasília e pesquisadora do LABEURB/Unicamp de Campinas. Seus objetos de estudos voltam-se à alfabetização e escolarização do português e políticas públicas de língua.

Solange Gallo é doutora em ciências pela Unicamp e pelo “Collége Internationel de Philophofie” de Paris. Docente o PPGCL e do curso de Jornalismo da Unisul. Com pós-doutorado pelo IEL, da Unicamp, seus objetos de pesquisa são o discurso de escrita e ensino, e autoria, escritoralidade e textualidade digital.

Para conhecer mais sobre o evento, clique em: https://www.even3.com.br/simfop2024/.