Mulheres na ciência: Porque a representatividade feminina ainda é tão baixa e como mudar este cenário*
 

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Mulheres na ciência: Porque a representatividade feminina ainda é tão baixa e como mudar este cenário*

10 / Fevereiro / 2023

As mulheres estão a caminho de se tornarem maioria entre os estudantes, mas ainda são minoria na área científica. Segundo a UNESCO, apenas 30% dos cientistas são mulheres, e esse número é ainda menor em cargos de liderança na ciência. Na América Latina, por exemplo, de acordo com a entidade, apenas 18% dos reitores são mulheres.

As razões são inúmeras, desde questões culturais, responsabilidades familiares, grau substancial de discriminação contra a mulher – que suprimiram o progresso delas em muitas profissões, entre outras. Todos conhecemos as teorias de Darwin, Lamark e Lavoisier, mas poucos conhecem as descobertas de mulheres cientistas. Se Nettie Stevens fosse ouvida saberíamos de antemão que o que define o sexo nos embriões são os cromossomos X e Y e não o tipo de dieta durante a gravidez, como acreditavam os cientistas da época. Dentre outras inúmeras descobertas que se perderam, porque não foram aceitas e/ou publicadas por serem feitas por mulheres.

Existem várias ações que podem aumentar a igualdade de gênero no mundo científico, a começar pela educação básica. Muitas vezes a cultura e tradição familiar desestimula meninas a seguirem na carreira científica (Avolio et al 2020), nesse sentido, as escolas têm o poder de quebrar esse paradigma, mostrando as diferentes possibilidades de profissões em todas as áreas, inclusive na ciência. No Brasil, o Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) lançou editais para que universidades desenvolvam ações com escolas de ensino médio para a implementação de projetos que estimulem mulheres a seguirem carreira científica na área STEM (CNPq 2018).

Desde 2012, a UniSul aprova editais que envolvem mulheres nas ciências no CNPq, esses projetos coordenados por mim e pela professora Ana Regina de A. Dutra trabalha o empoderamento feminino no campo científico com meninas de escolas públicas. As iniciativas têm como objetivo mostrar a ciência de forma dinâmica, divertida e atraente por meio de oficinas práticas de pesquisa.

A presença da mulher na ciência traz benefícios bilaterais, tanto para sua formação – pois a carreira de cientista é fundamental para o progresso do mundo e da sociedade como também para a própria ciência que só tem a ganhar com a participação feminina e a diversidade de gênero.

*Anelise Leal Vieira Cubas é engenheira química, doutora em Química pela Universidade Federal de Santa Catarina, atualmente é pesquisadora nos programas de Mestrado e Doutorado em Administração(PPGA) e de Ciências Ambientais (PPGCA) da Unisul.