07 de setembro e os 200 anos de independência do Brasil
 

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07 de setembro e os 200 anos de independência do Brasil

6 / Setembro / 2022

Giancarlo Moser – Historiador, doutor em patrimônio cultural e professor da Unisul

Neste dia 07 de setembro de 2022, iremos comemorar os 200 anos de independência do Brasil frente ao domínio colonial português. A idéia que possuímos deste fato histórico, por mais entranhada que esteja no ideário nacional, não corresponde totalmente à verdade, pois a imagem de Dom Pedro I retratada nas grandes pinturas é simbólica e dificilmente aconteceu (O famoso quadro “Independência ou Morte”, do pintor Pedro Américo, é atualmente uma das principais referências que temos em memória). D. Pedro não estaria cercado de homens limpos, vestidos em trajes de gala, nem estaria montado em um cavalo quando deu o grito da Independência e, ao contrário do que muitos pensam, o processo de independência custou muito caro para Brasil, foi preciso pagar uma multa altíssima a Portugal e custou muito sangue em todo nosso território.

O processo de independência começou quando D. João VI retornou a Portugal em abril de 1821, deixando para trás seu filho e herdeiro, o príncipe Dom Pedro, para governar o Brasil como seu regente. O governo português imediatamente agiu para revogar a autonomia política que o Brasil havia desfrutado desde 1808. A ameaça de perder o controle sobre os assuntos locais acendeu uma ampla oposição entre os brasileiros. José Bonifácio de Andrada, juntamente com outros líderes brasileiros, convenceu Pedro a declarar a independência do Brasil de Portugal.  

A história contada nos livros didáticos, de que em 7 de setembro de 1822, ao voltar de Santos, parado às margens do riacho Ipiranga, D. Pedro recebeu uma carta com ordens de seu pai para que voltasse para Portugal, se submetendo ao rei e à Corte, é real. Vieram juntas outras duas cartas, uma de José Bonifácio, que aconselhava D. Pedro a romper com Portugal, e a outra da esposa, Maria Leopoldina de Áustria, apoiando a decisão do ministro e advertindo: “O pomo está maduro, colhe-o já, senão apodrece”. Impelido pelas circunstâncias, D. Pedro pronunciou a famosa frase “Independência ou Morte!”, rompendo os laços de união política com Portugal. Culminando o longo processo da emancipação, a 12 de outubro de 1822, o Príncipe foi aclamado Imperador com o título de D. Pedro I, sendo coroado em 1 de dezembro como primeiro imperador do recém-criado Império do Brasil, uma monarquia constitucional.

A declaração de independência foi contestada em todo o Brasil por unidades militares armadas leais a Portugal. A guerra de independência brasileira que se seguiu foi travada em todo o país, com batalhas no norte, nordeste, e regiões do sul. A guerra durou de 1822, quando ocorreram as primeiras escaramuças, até março de 1824, quando a última guarnição portuguesa de Montevidéu se rendeu aos Brasileiros. Foi travada em terra e no mar e envolveu forças regulares e milícias civis, vitimando entre 2.000 a 3.000 pessoas.

A independência só foi reconhecida por Portugal no dia 29 de agosto de 1825, quando o Tratado de Paz e Aliança finalmente oficializaram o reconhecimento lusitano. Segundo esse acordo, o governo brasileiro deveria pagar uma indenização de dois milhões de libras esterlinas para que Portugal aceitasse a independência do Brasil.