Missão África: Estudantes de Medicina da UniSul prestam atendimento médico em vilarejos de Benim, na África
 

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Missão África: Estudantes de Medicina da UniSul prestam atendimento médico em vilarejos de Benim, na África

23 / Janeiro / 2024

Levar atendimento médico a uma população de extrema vulnerabilidade em Benim, quinto país mais pobre do continente africano, e oferecer a estudantes e docentes uma oportunidade de desenvolvimento profissional e humanitário. Esses são os principais objetivos da Missão África, projeto da Inspirali, principal ecossistema de educação médica do país. A Missão acontece de 24 de janeiro a 7 de fevereiro, período em que os missionários visitarão e receberão pessoas de 10 diferentes vilarejos das cidades de Adjarra e Ganvie.

A expectativa é atender 500 pessoas por dia com serviços de saúde e pequenas cirurgias. O hospital (Centre de Santé de Adjarra), já em funcionamento na região, servirá como base, mas a expedição será dividida em grupos com diferentes atuações, para prestar atendimento aos vilarejos locais. Além de procedimentos cirúrgicos e visitas domiciliares, os missionários também realizarão ações de educação em saúde nas escolas, orientando a população sobre higiene sanitária, escovação, orientação sexual, alimentação, entre outras.

“Na maioria das vezes, prestamos o atendimento próximo às paróquias do vilarejo, montando uma base, mesmo que improvisada, para que todas as pessoas consigam chegar até nós e tenham a oportunidade de receber assistência”, conta o professor Rodrigo Dias Nunes, diretor médico da regional Sul da Inspirali e coordenador do projeto.

Com 50% da população composta por jovens, Benin enfrenta inúmeros problemas. A maioria da população, em extrema pobreza, não possui saneamento básico, pouquíssimos têm acesso à energia elétrica e com acesso extremamente restrito à educação e saúde, já que não possuem escolas ou hospitais públicos. As principais enfermidades que o grupo deve encontrar são doenças prevalentes como hipertensão arterial sistêmica e diabetes melitus, grande prevalência de malária e uma doença endêmica chamada úlcera de Burili.

Está prevista a realização de diversas pequenas cirurgias e outros atendimentos. Além do trabalho assistencial, parte da programação da Missão será realizar capacitações técnicas em obstetrícia junto às enfermeiras e parteiras locais, com intuito de tentar reduzir as taxas de mortalidade materna e perinatal.

Participarão da Missão cerca de 30 alunos das escolas de Medicina da Faseh (MG), Unisul Pedra Branca e Tubarão (SC), Ages Jacobina (BA), Universidade Anhembi Morumbi Piracicaba e São José dos Campos (SP), Universidade São Judas Tadeu (SP), Universidade Potiguar (RN), UNIFACS (BA), UniFG Guanambi (BA), além de professores médicos, enfermeiros, um antropólogo e uma pedagoga.

Para Pâmela Altíssimo, aluna do 8º semestre do curso de Medicina da UniSul, da unidade de Pedra Branca, a expectativa é alta e a voluntaria se sente preparada para esse desafio. “Sabemos da importância da ação na região e, principalmente, todos os desafios, mas estou ansiosa e confiantes que será uma experiência inesquecível e que agregará muito para a minha carreira. Sigo animada e disponível para ajudar no que for preciso, seja por meio de insumos, medicamentos e mão de obra”, pontua.

A ação é uma atividade prática e de extensão universitária ao currículo da Inspirali em que participam estudantes que já possuem histórico em ações voluntárias, já participaram e se destacaram em alguma das edições anteriores da Missão Amazônia e estão nos dois últimos anos da graduação. “Todos se esforçaram, estão há meses aprendendo a falar francês, que é a língua oficial local, e realizaram diversas ações para arrecadação de medicamentos que serão levados para a Missão. Lá, não entregaremos uma receita para o paciente, entregaremos o remédio diretamente em mãos”, completa Rodrigo.

Cada aluno terá em mãos um sistema de Prontline desenvolvido especialmente para a Missão. Trata-se de um tablet com prontuário eletrônico, cujas informações colhidas irão compor um banco de dados dos pacientes que será, posteriormente, apresentado como modelo para o governo para fortalecer a estratégia de implementação de um Programa de Medicina de Família e Comunidade.

Por que Benin?

Dr. Rodrigo Dias Nunes é médico ginecologista e obstetra. Há oito anos participa de um trabalho humanitário na África, junto com a ONG Sementes da Saúde, fundada pela irmã Monique Bourget, que integra a comunidade das Irmãs Marcelinas e é formada em medicina no Canadá. A ONG tem como missão retribuir uma dívida histórica cultural para com o povo de Benin, de onde o Brasil recebeu cerca de 80% dos escravos que chegaram ao país.

A pedido do Vaticano, a irmã Monique vem trabalhando para levar saúde e condições de vida para a população da região, levando médicos para esta experiência de extremo valor humanitário. Lá, montaram um hospital, que hoje presta pequenos atendimentos, mas será inaugurado também para cirurgias e será a base de trabalho para a expedição. Além do hospital, também foi construída uma Casa do Voluntário, com dinheiro proveniente de doações, tendo parte sido arrecadada pelos pais e alunos das instituições da Inspirali, que servirá de alojamento para a expedição.

“Com a parceria da ONG Sementes da Saúde, teremos apoio local na articulação com os agentes de saúde do Benin, Ministério da Saúde e Ordem dos Médicos, além da contratualização de serviços locais de saúde junto aos villages. Contamos ainda com o apoio da Embaixada Brasileira em Benin. Sabemos das dificuldades desta operação, mas escolhemos essa região por ser um território conhecido, livre de guerras e com necessidades que estão em consonância com a trilha humanitária dos cursos de medicina da Inspirali”, conta Nunes.

“Além disso, com este apoio já estabelecido, conseguiremos também demonstrar as ações da Medicina de Família e Comunidade, com a pretensão de estimular políticas públicas de assistência e educação em saúde, conforme a expertise do currículo integrado da Inspirali”, finaliza.